Decisão ocorre após acordo firmado com Hugo Motta para não pautar cassação no plenário neste semestre. Glauber já pediu a cassação de 11 colegas
O deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou nesta quinta-feira, 17/4, que vai encerrar a greve de fome. Ele está há oito dias ingerindo apenas soro, isotônico e água, em protesto contra a cassação do mandato, aprovado na última semana pelo Conselho de Ética da Câmara. Mas dorme no ar-condicionado e recebe total assistência. Ele já decidiu a cassação de 11 colegas. Glauber agrediu com pontapés um integrante do MBL dentro da Câmara.
A decisão ocorre após acordo firmado em reunião com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos- PB). Segundo a assessoria do PSOL, ao longo da greve, o deputado perdeu quase cinco quilos (ninguém o obrigou a não comer).
“Estou nesse momento suspendendo a greve de fome que anunciei há nove dias. Essa suspensão – depois de dialogar com os movimentos e conversar muito em uma reunião que durou bastante tempo – vem depois de um compromisso que foi assumido pelo presidente da Câmara”, afirmou Glauber a jornalistas.
Além de Glauber, estiveram presentes na reunião a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (que se omite até hoje sobre a liberação do mandante da morte da irmã. Antes pedia punição), líderes do PT e do PSOL na Câmara, Lindbergh Farias (RJ) e Talíria Petrone (RJ), e a deputada e esposa de Glauber, Sâmia Bomfim (Psol-SP).
Nesta quinta, Hugo Motta disse que, após a deliberação do recurso contra a cassação na CCJ(Comissão de Constituição e Justiça) da Casa, dará um prazo de 60 dias até que o caso seja pautado no plenário.
Glauber tem até dia 22 de abril, próxima terça-feira, para entrar com recurso na CCJ. Com o prazo mínimo de 60 dias dado por Motta para levar o caso ao Plenário, o presidente da Casa garante que a cassação será votada somente no segundo semestre, após o recesso parlamentar.
“Após este período, as deputadas e os deputados poderão soberanamente decidir sobre o processo”, afirmou Hugo em publicação no X (ex-Twitter).
Talíria Petrone disse que o acordo foi firmado após “pressão dos movimentos sociais e de quem luta pela democracia”. “Que consigamos ter uma saída definitiva que não rompa com o princípio da proporcionalidade e que garanta o óbvio: que o nosso deputado Galuber siga representando o povo que o elegeu”, escreveu.
Greve de fome
O deputado protesta contra a decisão do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados de aprovar um parecer que pede a cassação de seu mandato.
Glauber é acusado de empurrar e expulsar um integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) do Congresso Nacional durante uma confusão em 2024. Na ocasião, o parlamentar chegou a chutar o homem.
Conforme as regras internas, Glauber tem até o dia 22 de abril para apresentar um recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) contra a decisão do Conselho. Se o recurso for rejeitado pela CCJ, o processo deverá ser analisado pelo plenário. A representação precisa receber ao menos 257 votos para que a cassação seja aprovada.