Apresentadores, comentaristas e repórteres de TV enfrentam variados problemas que o telespectador não vê
Paulo Vinícius Coelho, o PVC, foi tirado do ar no SporTV após o vazamento da informação sobre sua transferência para a plataforma Paramount+.
O respeitado comentarista deixa o Grupo Globo após três anos de atuação aprovada pelos telespectadores e boas amizades atrás das câmeras.
O que faz um profissional trocar a visibilidade e o status conquistados em um canal prestigiado por um serviço de streaming onde será visto por menos pessoas e talvez seu trabalho perca repercussão?
Salário maior é a resposta óbvia. Sim, ganhar mais tem um peso forte. Sabe-se que a Globo vive uma fase de congelamento de salários para uns e aumento tímido para outros.
Enquanto isso, vários streamings investem alto para diversificar o conteúdo a fim de atrair mais assinantes. Para isso, oferecem rendimentos sedutores a jornalistas, apresentadores e atores.
Mas a questão financeira nem sempre tem a maior influência na decisão. A busca por mais liberdade de trabalho, carga horária flexível, menor concorrência interna e ambiente menos tóxico foram fatores determinantes a profissionais de TV que se demitiram.
Ao sair da Globo e do SporTV, depois de oito anos, a repórter Ana Helena Goebel ressaltou o sacrifício enfrentado no período.
“Tantos feriados e finais de semana… plantões e mais plantões”, escreveu em um post. “Me sinto leve e muito empolgada pra viver essa nova fase da minha vida”.
Em um vídeo nos Stories do Instagram, Ana Helena contou que o filho de 10 meses gosta de câmeras, mas ela disse em tom de brincadeira que o menino está “proibido de ser jornalista”.
A ironia contém uma verdade desconhecida pela maioria do público: fazer televisão pode gerar esgotamento físico e abalar a saúde mental em consequência das longas jornadas e da convivência com os egos gigantescos que habitam o meio da comunicação.
Não basta cumprir sua função, é imperativo lidar com a cobrança frequente por melhores resultados, a vaidade excessiva de colegas, o eventual boicote de chefes e os efeitos nocivos à vida pessoal.
Na cobertura esportiva na TV, os postos mais cobiçados são a apresentação no estúdio e a cobertura de grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos.
Obviamente, há mais interessados do que vagas. Por isso, muitas vezes, a estagnação também serve de incentivo a sair da poderosa Globo para ocupar uma posição de maior destaque em outras emissoras ou plataformas digitais.
Em 2022, André Hernan surpreendeu ao se demitir da emissora líder no Ibope, onde estava havia 18 anos. Ousou saiu da zona de conforto para investir em seu talento.
Firmou parceria com a rede digital Network Brasil e agora ele cobre o futebol para o próprio canal em parceria com o YouTube. Conquistou autonomia, ganhos maiores e mais tempo livre. Quem não gostaria de dar esse passo?
O crachá da Globo suscita orgulho e oferece prestígio, porém, com o tempo, a maioria dos profissionais percebe que existem oportunidades melhores – inclusive mais saudáveis – fora da TV.