Secretário do Clima das Nações Unidas cobra esforço de cooperação global; cúpula começa sob pessimismo após fracasso em outras negociações ambientais e eleição de Trump
A 29ª COP (Cúpula do Clima) foi oficialmente nesta segunda-feira, 11/11, em Baku, no Azerbaijão. Em uma edição que está sendo chamada como “COP das Finanças“, a maior liderança da ONU (Organização das Nações Unidas) nessa área defendeu que “não é caridade” a destinação de recursos de países ricos para que as nações em desenvolvimento façam a adaptação climática e transição para fontes de energia de menor impacto ambiental. Mas ele não citou que, na maioria dos países pobres, grassa a corrupção e desvio do dinheiro público para mordomias das elites políticas. Basta ver as ONG’s (Organização Não Governamental) que destinam mais 80% da receita para salários de diretores.
“Se países não conseguirem construir resiliência nas cadeias de suprimento, toda a economia global será colocada de joelhos. Nenhum país está imune”, declarou Simon Stiell, secretário executivo do Clima da ONU. “É hora de mostrar que a cooperação global não está em baixa“.
A conferência começa sob pessimismo após o fracasso em negociações anteriores, como a Cúpula da Biodiversidade, na Colômbia, que terminou sem consenso sobre criar um fundo global para proteção da natureza.
Além disso, a volta de Donald Trump para a Casa Branca a partir de janeiro também sinaliza mais dificuldades para os próximos anos – em seu 1º mandato (2017-2021), ele tirou os Estados Unidos do Acordo de Paris, pacto assinado por quase 200 países para frear o aquecimento global.
O evento ocorre também sem grandes líderes, como os presidentes americano (Joe Biden), brasileiro (Luiz Inácio Lula da Silva, do PT) e francês (Emmanuel Macron) e o premiê alemão, Olaf Scholz. O Brasil será representado pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), que chega a Baku na noite desta segunda.
O secretário do Clima defendeu que não basta a concordância dos países pelo financiamento, mas que é necessário trabalhar duro para mudar o sistema de financiamento global, dando espaço fiscal para que haja a mudança. Nesse aspecto, citou que cerca de dois terços das nações não conseguem bancar a redução de emissões rapidamente e, por isso, todo o mundo “paga um preço brutal“.
Há anos, os países discutem como os recursos devem chegar aos países em desenvolvimento, de modo que não causem endividamento. Uma parte é subsidiada a juros baixos, mas não tudo. “Vamos dispensar qualquer ideia de que financiamento climático é caridade. Uma ambiciosa nova meta climática é totalmente de interesse de todas as nações, incluindo as maiores e mais ricas”, acrescentou.
Nas reuniões de pré-COP, por enquanto, não houve avanço significativo nesse âmbito. Vários aspectos do “Novo Objetivo Coletivo Quantificado sobre Financiamento Climático” (NCQG na sigla em inglês) precisam ser definidos. Entre eles, a secretária do Clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni, destacou cinco em evento no mês passado:
o valor, visto que estudos apontam para a necessidade de pelo menos cerca de US$ 1 trilhão, dez vezes mais do acordado até este ano;
aspectos metodológicos, como os possíveis destinos de aplicação desses recursos;
os países que podem receber;
quais nações devem pagar;
mecanismos de transparência.
Fonte: Terra