Emissora é rejeitada por estrelas das novelas depois dispensar centenas de contratados da teledramaturgia
Murilo Benício deixou a próxima novela das 21h, ‘Mania de Você’, dias antes de começar a gravar. Marina Ruy Barbosa recusou renovar o contrato mesmo com a oferta de um papel de destaque no remake de ‘Vale Tudo’, que estreia em 2025.
Grazi Massafera declinou de convite para atuar na futura novela das 18h, ‘Tutti-Frutti’. Larissa Manoela trocou a emissora pela Netflix. Osmar Prado preferiu não fazer a nova versão de ‘Renascer’ nem a novela ‘Guerreiros do Sol’, grande lançamento do Globoplay no ano que vem.
Este são alguns exemplos de atores que recentemente disseram um sonoro e surpreendente “não” para o mais poderoso canal de TV do país. Antes, era impensável um artista abrir mão de um papel na Globo ou, mais grave ainda, cortar o vínculo empregatício por vontade própria. Agora, isso é cada vez mais comum.
Entre os motivos, a redução dos salários. A reestruturação financeira no grupo de comunicação da família Marinho tornou inviável pagar de R$ 200 mil a R$ 300 mil por mês para um ator ou atriz. Agora, a emissora oferece entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para os protagonistas.
Para alguns, o ganho se tornou desproporcional às exigências, como a dedicação integral às gravações. Fazer uma novela ocupa a agenda de segunda a sábado por 8 meses, no mínimo. Neste período, muitas oportunidades são perdidas, como viagens para presença VIP em eventos. Fica difícil também conciliar com eventuais trabalhos no teatro e no cinema.
Para um ator com milhões de seguidores e forte engajamento digital, um único post pago no Instagram, por exemplo, pode representar o salário mensal na Globo. Uma campanha publicitária de grande anunciante paga mais do que se recebe por uma novela inteira.
A internet não apenas tirou audiência da televisão e, especialmente, das novelas, como também passou a ser um campo de trabalho tão ou mais interessante para os atores que antes eram dependentes da Globo e de outras emissoras com teledramaturgia própria.
Trabalhar no canal número 1 ainda é sonho e objetivo para muitos artistas, porém, para quem já construiu uma carreira sólida diante das câmeras e possui influência nas redes sociais, a permanência na empresa deixou de ser tão vantajosa. Ter autonomia sobre a carreira, se dedicar a produções com menor tempo de gravação e transitar por outros mercados, como o das plataformas de streaming, virou o desejo do momento.
Fonte: Terra