O engenhoso esquema de grilagem em Salvador criado pelo ex-sócio da Construtora OAS, Carlos Seabra Suarez, teria utilizado milicianos para invadir uma área portuária em Aratu, na cidade de Candeias, contraria decisões até do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O personagem principal de Carlos Suarez no processo batizado de Grilagem S/A pelo Gaeco baiano, foi preso na quinta, 4/9.
A operação deflagrada pelo Ministério Público baiano e pela Polícia Civil prendeu oito pessoas em Salvador e nas cidades de Candeias e Camaçari, na RMS (Região Metropolitana). A ação mirou um grupo investigado pelos crimes de grilagem de terras, corrupção ativa e corrupção passiva.
Segundo informações da SSP (Secretaria de Segurança Pública da Bahia), entre os presos estavam 3 policiais militares e 1 policial civil que, conforme apontam as investigações, facilitavam as ações do grupo criminoso. Entre os nomes está o braço direito de Carlos Seabra Suarez, o engenheiro Walter Nunes Seijo Filho, que ocupa vários cargos como estatuário nas empresas do ex-sócio da OAS, inclusive na área de energia, e personagem principal das denúncias realizadas durante os meses de julho e agosto pelo Correio da Manhã, em matérias assinadas pelo jornalista Cláudio Magnavita. Seijo, que dormiu na cadeia de quinta para sexta, é o presidente estatutário da CDC (Companhia Docas de Candeias), ao lado do filho de Carlos, o jovem engenheiro Gabriel Silva Suarez e de Carlos Antônio Ibiapina Junior, irmão do ex-prefeito de Candeias, Pitágoras Ibiapina, que implantou o esquema de abdução da milionária área pelo valor simbólico de 1,2% do valor de mercado, e ainda pago com os cofres públicos da cidade.
Foram cumpridas 11 ordens de busca e apreensão com ações deflagradas nos Bairros da Pituba, Bairro da Paz, Piatã, Itapuã e Chame-Chame, na capital baiana, além de Itacimirim, na cidade de Camaçari. A grilagem de áreas urbanas envolve ações de uma milícia privada a serviço dos interesses de Carlos Suarez, expulsando com violência ocupantes de áreas urbanas, que depois eram incorporadas com a construção de benfeitorias e usando cartórios para metamorfose de teremos vendidos a peso de ouro.
Walter Seijo Filho é também diretor estatuário da ELETRORIVER S.A., CNPJ/MF n° 01.968.293/0001-68, empresa de energia de Carlos Suarez. Na Companhia Docas de Candeias, ele desenvolveu uma engenharia que envolveu a manipulação da justiça baiana em um processo de desapropriação de uma área milionária envolvendo um processo inédito de desapropriação de um terreno federal por um ente municipal, que retirou da recuperação judicial da construtora GDK, o principal ativo, e, na sequência, uma inusitada falência decretada por uma juíza substituta da 2ª Vara Empresarial da Comarca de Salvador.
A surpreendente prisão de Walter Nunes Seijo Filho detona na Bahia a bomba atômica moderna: o celular. Nele, o Gaeco vai descobrir como Carlos Suarez batiza em tom jocoso os laranjas que arranja, denominando-os de “C.U.” e tira o sono do próprio fundador da OAS; do filho Gabriel Suarez; do MR King; do ex-prefeito Pitágoras; diretores de empresas de energia; de advogados que atuam como Administradores Judiciais; e de alguns parlamentares. Especula-se ‘fishing expedition’ na Bahia.
Fonte: Correio da Manhã
