O dólar interrompeu nesta terça-feira, 10/6, uma sequência de três sessões de baixa no Brasil e fechou em leve alta ante o real, em meio à cautela dos investidores com o pacote fiscal do governo Lula que pode abrir espaço para mudanças nos aumentos de IOF anunciados no fim de maio.
A moeda norte-americana à vista fechou com elevação de 0,11%, aos R$5,5689, após ter atingido na véspera a menor cotação desde outubro do ano passado. Em 2025, a divisa dos EUA acumula perdas de 9,87%, mas quase 20% de aumento em 2 anos.
Sem notícias de impacto vindas do exterior, onde investidores aguardavam novidades sobre as negociações comerciais entre Estados Unidos e China, o mercado de câmbio brasileiro se voltou para a agenda doméstica.
Pela manhã o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que o IPCA, o índice oficial de inflação, subiu 0,26% em maio, ante o avanço de 0,43% em abril, passando a acumular em 12 meses alta de 5,32%, contra 5,53% antes.
Os resultados ficaram abaixo das expectativas em pesquisa da Reuters com economistas, de avanços de 0,33% no mês e de 5,40% em 12 meses.
Apesar do impacto na curva de juros brasileira, o resultado do IPCA teve pouca influência sobre o dólar, que oscilou na sessão entre altas e baixas em margens estreitas. Profissionais ouvidos argumentaram que as dúvidas sobre o pacote de medidas fiscais do governo Lula, que pode abrir espaço para mudanças nos aumentos de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), congelaram os negócios.
“Há muito mais apreensão pelas medidas fiscais do que qualquer outra coisa. Por isso o mercado ficou ‘de lado’ ontem e hoje”, pontuou Nicolas Gomes, especialista de câmbio da Manchester Investimentos.
No início da tarde o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo vai propor ao Congresso uma alíquota unificada de 17,5% de Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras, e que será proposto o aumento da tributação de JCP (Juros sobre Capital Próprio) de 15% para 20%.
Na véspera já havia sido informado que o governo decidiu propor a alíquota unificada de 17,5% de IR sobre rendimentos de aplicações financeiras, exceto as incentivadas. Com isso, os ganhos em operações como as de renda fixa e ações serão impactados.