Depois de duas sessões de alívio, o dólar voltou a subir ante o real nesta segunda-feira, em meio à desconfiança do mercado na política fiscal brasileira e ao avanço da moeda norte-americana no exterior, em um dia marcado pela baixa liquidez antes do Natal e pela ausência do Banco Central nos negócios.
O dólar à vista chegou a oscilar acima de 6,20 reais durante a tarde, para depois encerrar a sessão em alta de 1,88%, cotado a 6,1850 reais. Com o movimento, a divisa acumula elevação de 27,5% em 2024.
Às 17h04 o dólar para janeiro negociado na B3 – atualmente o mais líquido no Brasil — subia 1,45%, aos 6,1885 reais.
Na quinta e na sexta-feira, o dólar teve perdas firmes ante o real em meio ao andamento do pacote fiscal no Congresso, com o mercado reagindo ainda a declarações consideradas positivas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas nesta segunda os receios em torno do pacote voltaram a impactar tanto os DIs (Depósitos Interfinanceiros) quanto o câmbio, mesmo que não houvesse novidades no noticiário fiscal, já que o Congresso estará em recesso até fevereiro.
Profissionais também citaram a continuidade do tradicional movimento de fim de ano de remessa de dólares ao exterior — desta vez sem que o Banco Central anunciasse leilões de venda de dólares, como vinha fazendo nas sessões mais recentes.
“Como o BC não fez leilão, isso pressionou a taxa. E a liquidez está baixa, porque estamos perto do fim do ano“, comentou durante a tarde o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Indício da baixa liquidez, o BC não vendeu a totalidade dos contratos de swap ofertados no tradicional leilão de rolagem da manhã. Do total de 15.000 contratos, foram vendidos apenas 8.000.
No exterior, o viés do dólar também era positivo ante a maior parte das demais moedas.
“Isso está sustentado naquela hipótese que os mercados estão precificando, e que o Federal Reserve indicou em seu último discurso, de que devemos ter menos cortes que o projetado anteriormente nas taxas de juros norte-americanas“, comentou Henrique Cavalcante, analista da Empiricus.
“Tudo mais constante, isso implica um dólar mais forte no mundo inteiro. (O dólar contra o real) sobe mais porque… vimos o dólar afundando na sexta-feira. Hoje há um movimento de realização“, acrescentou.
Fonte: Terra