O Banco do Brasil, principal financiador do agronegócio no país, registrou R$ 12,73 bilhões em atrasos de mais de 90 dias nos pagamentos do setor, maior que o valor nos anos de 2019 a 2022
O desfalque puxou uma queda de 60% no lucro no segundo trimestre, segundo dados divulgados na noite de quinta-feira, 14/8.
“É o maior nível de inadimplência já visto no agro na história do Banco do Brasil“, afirmou ontem a presidente do banco, Tarciana Medeiros.
Mais da metade das dívidas (52%) são de produtores do Sul e do Centro-Oeste.
Devendo na praça, o agro vem recorrendo cada vez mais às recuperações judiciais.
Dos R$ 12,73 bilhões devidos, R$ 2,27 bilhões são fruto de recuperações.
Entre 2019 a 2022, governo Jair Bolsonaro com Paulo Guedes ministro da Economia, o débito total foi de R$ 12,31 bilhões.
A crise para justificar os processos é atribuída a diversos fatores: pandemia, altos juros, falta de financiamento acessível, entre outros.
Há outras questões, no entanto, que vêm escapando às análises macroeconômicas, apurou o UOL: má-fé e fraude, com pedidos de recuperações judiciais que não se enquadram na lei. Escritórios de advocacia oferecem esse tipo de serviço.
Advogados ouvidos pela reportagem alertam que é preciso separar o joio do trigo.
O assunto está no radar do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
No fim de maio, o ministro Mauro Campbell Marques, corregedor-nacional de Justiça, abriu uma comissão especial “para o aprimoramento da atuação do Poder Judiciário nos processos de recuperação judicial e falência de produtores rurais“.
O Banco do Brasil monitora hoje 808 clientes sob recuperação, num total de R$ 5,4 bilhões –parte do valor não entrou no balanço pois se refere a pagamentos cujo vencimento ainda não ocorreu.
Tentativa para receber
Desconto de 20% sobre as dívidas;
Carência de 2 anos para começar a pagar as dívidas;
Prazo de ao menos 10 anos para pagar todas as dívidas.
Isso é o que promete um escritório de advocacia de Goiânia que se define em seu site como “a fortaleza jurídica do produtor rural”.
Os tópicos estão em um informativo do escritório que incentiva produtores rurais a pedir recuperação judicial, dispositivo descrito como “instrumento de barganha” para “blindar todo seu patrimônio de cobranças judiciais e arrestos“.
Fonte: Uol