Decisão foi divulgada pelo Copom nesta quarta-feira
O Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu, por unanimidade, elevar a Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira, de 10,50% para 10,75% ao ano. O anúncio foi feito no final da tarde desta quarta-feira, 18, após reunião do colegiado. A elevação de 0,25 ponto percentual da Selic representa a primeira alta do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O ciclo de queda, que começou em agosto do ano passado, havia sido interrompido em junho pelos diretores do BC. A Selic estava estável há três reuniões. No entanto, na ata da reunião de julho, os diretores afirmaram, de forma unânime, que não hesitariam em aumentar juros para assegurar a convergência da inflação para a meta de 3%, podendo chegar a 4,5% por causa do intervalo de tolerância de 1,5 ponto.
A última alta dos juros ocorreu em agosto de 2022, quando a taxa subiu de 13,25% para 13,75% ao ano. Após passar um ano nesse nível, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano. Nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, no menor nível desde fevereiro de 2022.
Na semana passada, o Boletim Focus, que traz as previsões de analistas de mercado, aumentou a projeção da Selic para o fim de 2024 a 11,25% ao ano. Ou seja, é esperado um aumento de 0,25 ponto percentual nas duas reuniões restantes do Copom neste ano. A estimativa para 2025 é que a Selic fique em 10,50%, enquanto a projeção para 2026 é de 9,50%.
Comunicado do BC
No comunicado desta quarta-feira, o Copom justificou a elevação da Selic argumentando, entre outras coisas, que o cenário, marcado por resiliência na atividade, pressões no mercado de trabalho, hiato do produto positivo, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas, demanda uma política monetária mais contracionista.
O documento cita o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho.
“Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 10,75% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante“, diz o Copom.
O Comitê avalia também que o cenário externo, marcado por menor sincronia nos ciclos de política monetária entre os países, segue exigindo cautela por parte de países emergentes. “O ambiente externo permanece desafiador, em função do momento de inflexão do ciclo econômico nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed“.
Sobre novas altas na Selic, o Comitê disse que o ritmo de ajustes futuros na taxa de juros e a magnitude total do ciclo ora iniciado serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
Fonte: Terra