A mãe alegou que Manuela Xavier esteve no hospital e no centro de saúde várias vezes, mas que não diagnosticaram as causas das dores no abdome e a morte se deu 8 dias depois
A mãe de Manuela Xavier Souza, 31 anos, Maria Rita de Fátima Xavier, esteva nesta sexta-feira, 19/06, na 20ª DT (Delegacia Territorial), em Candeias, na Região Metropolitana a 46 km de Salvador, para prestar queixa e pedir investigação policial pela morte da comerciária, ocorrida no sábado, 13, nas dependências do Hospital José Mário dos Santos (Ouro Negro).
Segundo familiares, a comerciária esteve dias antes tanto no hospital como também no Centro Médico Luiz Viana Filho, na Pitanga, com as mesmas reclamações de dor abdominal, mas a alegação das unidades médicas nessas vezes era de possíveis gazes que estariam causando o desconforto.
Nas ocasiões foram receitados remédios para esse problema e que Manuela podia retornar, como fez, para casa.
Morte
Na madrugada de sábado passado, com os mesmos sintomas anteriores – dor abdominal e já alegando obstrução (dificuldade para evacuar) –, Manuela foi para o hospital e o quadro já era de apendicite (inflamação do apêndice, um pequeno órgão linfático parecido com o dedo de uma luva, localizado no ceco, a primeira porção do intestino grosso. Na maioria dos casos, o problema ocorre por obstrução da luz dessa pequena saliência do ceco pela retenção de materiais diversos com restos fecais).
As 6h27 daquele dia, 13, Manuela foi declarada morta e uma das causas da morte foi infecção generalizada, segundo o médico de plantão, Adalberto Caoru Haji, que houvera pedido uma tomografia computadorizada, que a unidade não faz.
Ocorre que, nas vezes anteriores, também foi pedido o exame de ultrassom, mas o aparelho do Hospital José Mário dos Santos (Ouro Negro) não tinha médico para fazer o trabalho. No dia 1° de maio, 5 desses ultrassonografistas foram desligados pela Secretaria de Saúde de Candeias alegando serem desnecessários. Assim, apenas de forma eletiva, e não de urgência ou emergência como deveria ser o caso, a cidade dirigida por um médico e que tem como supersecretária de Saúde e Assistência Social, uma assistente social, com 87 mil habitantes e que a receita foi de R$ 352.361.524,96 (R$ 965 mil por dia) e desse valor R$ 113.119.940,66, um dos maiores índices proporcionais das 417 cidades baianas, do bolso de candeenses, não pode pagar médicos de ultrassom para urgência e emergência.
Neste período de pandemia (com quase 450 infectados e 19 mortes em Candeias) a Prefeitura comprou 8 respiradores por R$ 1,4 mi, cedeu 7 ao Estado por pedido administrativo, e não usou sequer todos os 10 que restam na cidade. E quando precisa em situações mais graves, os pacientes descem para Salvador.
A unidade também não dispõe de enfermeira de SCIH (Serviço de Controle de Infecção Hospitalar), segundo a queixa prestada na 20ª DT.